Teve lugar de 25 a 27 de Agosto,
a tão aguardada edição de 2022 do Festival Vilar de Mouros (Edp Vilar de Mouros),
o festival de rock mais antigo de Portugal e da Península Ibérica, que acontece, desde 1965 (com algumas interrupções pelo meio, é certo)
bem a norte de Portugal, na bonita Vila de Vilar de Mouros.

3 dias de puro rock, com bandas que, – e presumo que posso falar por todos da minha geração – nos trazem um misto de nostalgia,
um reavivar emotivo,
mas ao mesmo tempo um intenso e profundo pulsar de felicidade pelo inevitável avançar da vida.

É como que encontrar no presente, tantos pedacinhos de nós, de quando tínhamos 16, 17 anos …
as memórias estão todas lá, será que nós continuamos os mesmos??

até se pode ficar na duvida, mas pelo menos há sempre uma certeza:
é sempre tão bom estarmos vivos, e aqui.

O cartaz desta edição do Festival de Vilar de Mouros era absolutamente cativante,
com nomes como Placebo, Suede, Iggy Pop e Bauhaus.
Também Simple Minds, Gary Numan, e onde não faltou o rock português com (entre outros) os Tara Perdida,
The Legendary Tiger Man, Blind Zero.

Isto é Vilar de Mouros,
é o slogan do festival,
e quem lá vai sabe sempre que no ano seguinte quer voltar.

Como que voltar ao que ainda é muito genuíno, a bandas intemporais, a um festival transgeracional, e sempre,
voltar a muitas memórias de nós.

Obrigada Vilar de Mouros,
para o ano, vamos claro, querer voltar!

FESTIVAL VILAR DE MOUROS
(EDP VILAR DE MOUROS)

25 a 27 de Agosto 2022

Festival Vilar de Mouros,
ou o Woodstock Português

Uma das formas mais económicas de ir ao festival Vilar de Mouros – para quem vai os três dias – é ficando a acampar, o que permite, para além de não se gastar dinheiro com a estadia, viver em pleno a experiência de um festival.
Há toda uma envolvência característica, uma paisagem bonita, um rio para banhos, e a proximidade prática de se estar logo ali.

Outra forma também prática de se chegar, e para quem não quiser acampar, é apanhar o Shuttle gratuito que sai de Caminha ( e regressa, obviamente) de 40 em 40 minutos.
E Caminha é também logo ali…

Para quem vai de carro (ou mota), há diversos parques onde deixar os veículos, mas que obrigam a grandes caminhadas até ao recinto do festival.
Na ida para lá vai-se muito bem, no regresso já custa mais um bocadinho…..

Isto, apenas para realçar que o Festival Vilar de Mouros é também tudo isto, 3 dias de pura desconexão da cidade, um desligar das rotinas,
e as botas, essas são mesmo para ficarem cheias de pó….

Festival Vilar de Mouros,
2022
dia 1

Nesta edição do Festival Vilar de Mouros fui ao Dia 1 e ao Dia 3, ou seja, falhei o dia do meio (onde os nomes fortes eram Motorcycle Club, Simple Minds, Tara Perdida).
Seguem algumas imagens do primeiro dia, 25 de Agosto, onde fotografei Gary Numan e Suede, ficando os Placebo de fora por imposição de limite de fotógrafos….

Gary Numan deu um bom concerto, que a mim cativou mais pela imagem visual do que propriamente pela sua música assumidamente ruidosa.

Gary Numan

Placebo
Eu gosto mesmo muito de Placebo.
A voz do Brian Molko fica-me entranhada na pele, parece que sou transportada para um mundo à parte, talvez o mundo dele, tão distante do meu….mas viajo para esse imaginário de forma leve ao som dessa voz e dessa presença carismática.

Neste concerto – à parte não ter podido fotografá-lo de perto (fiquei triste, muito triste….), houve efetivamente algum problema com o som que permaneceu até ao final e a voz de Brian não chegou até mim (nem até ao restante público) da forma habitual.

Para além disso, Brian Molko terá (imagino eu) assumido recentemente a sua masculinidade (e o lado feminino dele era muito também o que me atraía – as unhas pintadas de preto, o eyeliner a carregar os olhos), ….mas agora usa bigode, o que a meu ver não bate ali muito certo.

São claro opiniões, fúteis talvez, e pensando bem o bigode não afetou em nada eu ter ou não gostado do concerto, porque gostei na mesma, dancei muito e cantei, e ainda hoje – passados vários dias, quase quinze desde o dia do concerto, ainda ando com essa mesma voz entranhada em mim, e ouço em loop duas ou três músicas dos Placebo.

(Beautiful James,
Too many Friends, e
Running Up That Hill, a versão de Molko para a música da Kate Bush, e que no dia do concerto foi das que mais gostei.)

Brian Molko (Placebo), fotografado de longe e à socapa….

Suede
Foi tão bom o concerto dos Suede, uma banda de britpop em que o vocalista – Brett Anderson – com precisamente a minha idade, não parou um minuto.
De saltar, de dançar, de entusiasmar o público, de mostrar que está bem vivo, de nos fazer a nós, sentir bem vivos.
E de trazer aquelas canções que nos enchem a alma.
(Trash,
Beautiful Ones,….).

Brett Anderson – Suede

Festival Vilar de Mouros,
2022
dia 3

O terceiro e último dia do Festival Vilar de Mouros – dia 27 de Agosto – terminou da melhor forma, com Iggy Pop – uma lenda viva – e Bauhaus, no melhor das minhas memórias, (tantas memórias do Batô….)., mas também com os portugueses The Legendary Tigerman a dar um concerto incrível, com Paulo Furtado a descer até ao público.

The Mirandas, confesso que desconhecia mas abriram a tarde, que seguiu em crescendo, seguidos dos Blind Zero, a banda de Miguel Guedes, que ouvi um pouco distraída, talvez já só a pensar no Iggy Pop….

Blind Zero

The Legendary Tigerman
Foi mesmo muito bom o concerto dos The Legendary TigerMan, não só pelo Paulo Furtado, verdadeiro rock man ou homem tigre, como com o resto da banda, o saxofone, a bateria…..

These Boots are Made for Walking
é uma das músicas referência, e é quase um hino para mim, que calço botas quase todo o ano, e ando a pé até que os kilómetros me doam….

Paulo Furtado – The Legendary Tigerman

Iggy Pop
Iggy Pop, ou – James Newell Osterberg – faz-nos esquecer o tempo, faz-nos esquecer a idade.
Tem 75 anos e continua uma lenda viva, a dar um concerto incrível, a transpor gerações, a exaltar os ânimos de tantos miúdos ali na frente, talvez com 19, 20 anos???
Eu confesso, estava nervosa, e pequenina, ali em baixo e pertinho a fotografá-lo….

I am a Passenger
é a música que mais mexe comigo, desde sempre e cada vez mais.
Somos sempre, simplesmente passageiros, nesta vida….
Foi também um dos momentos altos da sua atuação.

Iggy Pop, o próprio

Bauhaus
O último concerto da noite, e do festival, coube aos Bauhaus, com Peter Murphy a chegar envolto em escuridão e fumo branco, num negrume que quase me fez achar que ia ser impossível fotografá-lo.
Imponente, potente, carismático, olhar duro, intenso.
(e eu sempre, ali, com as minhas memórias….)

Fui deixando o recinto antes do concerto terminar, ia a caminho do shuttle com She’s in Parties a ecoar, as botas desmesuravelmente cheias de pó, e um cansaço bom envolto num sorriso de memórias.
Levava comigo a Paula dos 16 anos, e a Paula de agora, ….
a Paula sempre à procura da surpresa dos dias, a Paula que sempre gosta de dançar.

Obrigada Festival Vilar de Mouros.

Bauhaus (com Peter Murphy)

Festival Vilar de Mouros (Edp Vilar de Mouros)
regressa em 2023

As datas da próxima edição do Festival Vilar de Mouros já foram anunciadas, será de 24 a 26 de Agosto de 2023.
O festival é organizado em parceria com a Câmara Municipal de Caminha, e este ano contou com cerca de 55 mil pessoas.