Primavera Sound Porto

07 a 10 de Junho 2023
Parque da Cidade do Porto

Eu sei que não devia generalizar, pois isto de ser feliz não é linear nem sequer consensual, e pensando bem, grande parte das vezes estamos a ser felizes e nem damos conta.
Mas dizer que no Primavera Sound Porto somos sempre felizes pode ser visto exatamente por esse prisma:
é um festival que acontece num lugar bonito, e onde podemos pôr os pés na relva – acontece no nosso maravilhoso Parque da Cidade – é ao ar livre, começa com luz do dia, é um festival de música onde esbarramos com bandas conhecidas mas grande parte das vezes vamos à descoberta de novas bandas, e onde se propiciam encontros entre amigos, amigos que às vezes já não vemos há muito tempo, ou mesmo encontros entre desconhecidos, que até dançam e sorriem de volta…..
É um festival que acontece no Porto, colado à magia do mar e da anémona, e com Matosinhos logo ali, e onde – quando o tempo deixa – o pôr do sol parece que dança também.

Sou suspeita. Admito.
Sou vizinha do Parque da Cidade, chego lá a pé ou de bicicleta e regresso a casa com essa facilidade. Não preciso de Uber nem de boleias, e a dois passos do extremo cansaço do final dos concertos estou de regresso a casa e na cama.

Mas a minha felicidade no Primavera extravasa tudo isso.
Conheço o festival desde a primeira edição, acompanho desde sempre o seu crescimento, o envolvimento com a cidade, os line-ups menos bons ou os outros excelentes, os dia de chuva, de frio mas também os de puro sol, e tantos, tantos, momentos épicos.
E volto a repetir, e a generalizar, acho mesmo que somos sempre felizes no Primavera.

Este ano,
comemorou-se a décima edição, com alterações no próprio nome do festival (deixou de ser Nos Primavera Sound, passou a ser simplesmente Primavera Sound Porto) , alterações no recinto e nos palcos, ( dois palcos novos, o Palco Porto e o palco Plenitude);
o Palco principal, apesar do nome Porto, ficou longe de ser generalizadamente bem aceite – e foi uma edição em que a chuva e as tempestades quiseram pôr tudo à prova.
Os dois primeiros dias foram de constante provocação, (em termos climatéricos) mas agora ao olhar para trás, destaco como um dos meus melhores dias exatamente o primeiro, debaixo de chuva torrencial, tocavam os The Comet is Coming no Palco Vodafone, eu e uma amiga minha abrigá-mo-nos quase literalmente dentro de uma barraquinha da Super Bock, conhecíamos o Vasquinho que lá trabalhava, passámos a conhecer toda a gente à volta que também se abrigou por ali, chovia torrencialmente, foi de rir, …diria – foi de muita felicidade.

Quando a chuva abrandou descemos para a relva, para mais perto do palco e dançámos,
e não é que dançar faz uma pessoa mesmo feliz?

Os últimos dois dias já foram de sol, – relaxei finalmente em relação à minha Fuji, já não havia perigo de a estragar com a chuva – deambulei entre palcos e pessoas a captar imagens e sorrisos, dancei, dancei muito, muitas vezes sozinha, outras acompanhada, e à saída no último dia ainda passei no Palco Bits para sentir a batida eletrónica e me despedir de um festival que – todos os anos – me rouba o coração.

Volto a confirmar: sou sempre feliz no Primavera.

Dia 1 |
quarta feira | 07 de Junho
Primavera Sound Porto

Estive no Primavera Sound Porto mais uma vez em reportagem (décima vez!) , não dos concertos nem dos artistas em reportagem musical, mas a fotografar todo o ambiente envolvente.
Fotografar pessoas, especialmente pessoas em ambiente felizes é o que me dá genuinamente prazer, faço-o normalmente sozinha por entre a multidão, é sempre como fotografo melhor, e em jeito de confissão sim, para o ano quero muito fotografar os concertos, a vibração dos artistas, passar para o lado de cá a alma de quem sobe ao palco – esse é muito também o meu mundo e que me faz vibrar, – para o ano sim , faça-se ECO – para o ano quero fotografar os concertos, sim??? 🙂

Quantas histórias se escondem atrás de um sorriso?
Quantas emoções se escondem com a chuva?

Que emoções esconde quem dança?
Quão feliz se é de cabelos ao vento?

Highlights(pessoais) Dia 1

Obviamente não consegui cobrir os momentos todos, nem os concertos todos.
Mas em jeito de registo musical, o meu highlight do dia 1 foi como já referi The Comet is Coming e em jeito visual a Alison Goldfrapp.
Kendrick Lamar era o cabeça de cartaz, e eu queria muito ter estado atenta ao concerto – mas debati-me com percalços no meu telemóvel que se encheu de água por causa da chuva , não carregava, deixei de conseguir comunicar com quer que fosse, não parava de chover, irritei-me um pouco, fui para casa antes de terminar o concerto.

DAY 2
quinta feira | 08 de Junho

Que emoções se escondem atrás de quem salta nos concertos?,
De quem põe os braços no ar, de quem canta com quem canta?

Highlights Dia 2

Fred Again…, and again, and again…….
Dia 2 para mim teve como highlight a presença do meu filho (mais velho) e os seus amigos.
Em bom momento fui ao encontro dele ao Palco Vodafone, atuava o Fred Again….. , tudo dançava, saltava, o recinto cheio, luzes a brilhar, choveu , mas não muito.
Delirei, dancei, também saltei, dancei com o meu filho, tinha acabado de fazer 21 anos, estava feliz e no Porto…..

há felicidade maior para uma mãe, do que estar ao lado do filho?

Em jeito mais sereno, mas a ficar na memória, Japanese Breakfast, no palco Super Bock

Dia 3
sexta feira | 09 de Junho

Highlights Dia 3

St. Vincent fizeram o meu terceiro dia.
Muito muito muito bom.
Mas não posso deixar de falar no Pusha T, fui apanhada de surpresa no Palco Super Bock envolta pela geração do meu outro filho, desta vez do mais novo.
Queria tanto que ele ali estivesse comigo também, era o ambiente dele, braços no ar no vai e vem em jeito de rap e yah, muito yah, deixei-me ir na onda também.
Olhei à volta não via ninguém conhecido,
o que importa isso,
quantas vezes é tão bom assim, estarmos anónimos na multidão?

Pet Shop Boys foi um bom revival, tempos que ficaram muito lá atrás.
Tantas vezes dancei o Go West sozinha, na sala grande da minha avó, na sua casa da Av. da França, música aos berros, eu a flirtar com os meus sonhos, os meus devaneios, com os desejados namorados da altura?

Dia 4
sábado | 10 de Junho
( a maior enchente de sempre do Festival)

Quantas personagens se escondem por trás de uma só pessoa?
Que imagem gostamos de deixar transparecer?

Que felicidade transmite uma boa gargalhada?
Ou a cumplicidade de um casal?

Será que duas pessoas juntas, abraçadas e a rir, formam desde logo um casal?

Quão bem nos sabe um copo de vinho?

Highlights Dia 4

Nation of Language, tão bom tão tão bom, com o pôr do sol, o meu marido comigo, e também uma grande amiga.
E New Order, (ok ok, apesar da voz, que já não é a mesma, e da falha do som que ninguém merece) mas voltei de novo à minha adolescência.
A uma outra Paula.
Ou seria a mesma na jovialidade dos meus 20 anos?

(em jeito de highlight sem ser musical: (o abraço do Sr César, da Casa Guedes.
Fotografo-o todos os anos, este ano estava visivelmente mais comovido, ao ver-nos, a mim e ao meu marido)

Quão felizes somos com tempos que já não estão cá?

Os Blur.
No Palco Porto, onde é um facto – cheirava mal.
mas tentei não pensar nisso, e fui feliz.

A edição 2023 do Primavera Sound Porto contou com a maior enchente de sempre , cerca de 140 mil pessoas, de entre os quais 29% estrangeiros.
A organização assume que há alterações a fazer depois de várias críticas à localização do Palco principal, e ao facto de a chuva ter chamado a atenção para a falta de coberturas no recinto, mas já noticiou:
Para o ano, há de novo Primavera Sound Porto, num regresso ao formato três dias de festival.

Eu, (se Deus quiser), lá estarei de novo.
Até pró ano!

P.S
Fotos oficiais do festival, concertos e ambiente, em Hugolimaphotography